segunda-feira, 9 de abril de 2018

Um relógio Orient automático



Quando eu tinha 9 anos, vi meu irmão Ronaldo, um ano mais velho que eu, com um lindo relógio Orient automático em seu pulso.
Perguntei-lhe quem o havia presenteado. Ele me respondeu: Comprei com o dinheiro do meu trabalho. E me falou coisas muito instigantes sobre o quanto o trabalho enobrece o homem e sobre como é gratificante servir ao próximo. Interessei-me em seguir seu exemplo. Ele se comprometeu de me levar, no dia seguinte, a uma entrevista junto a seus patrões. Assim, após voltar da escola e almoçar, fui apresentado ao meu local de trabalho e a meus primeiros patrões: era uma quitanda que papai, mamãe e tio Satoru tinham na Av. República Argentina, no bairro da Água Verde, em Curitiba.
O gerente, tio Satoru, me entrevistou e, com aquele saudoso sorriso, aceitou-me como colaborador. Mas havia uma condição: eu não podia descuidar dos estudos, podendo ir laborar somente depois de terminar as tarefas escolares de cada dia.
Assim, Ronaldo e eu trabalhávamos com afinco na próspera quitanda da família, organizando as frutas e verduras nas gôndolas, fazendo a limpeza do estabelecimento e ajudando a embalar as compras dos clientes. A retribuição da dedicação era feita por hora trabalhada. No fim da tarde, de vez em quando, éramos agraciados com x-salada e chocomilk. Ao anoitecer, colocávamos os pesados tonéis de lixo na calçada e ajudávamos a fechar o estabelecimento.
Assim, poupei, dia a dia, a remuneração que recebia do trabalho, sonhando em investir na aquisição do meu relógio.
Inspirei-me em Ronaldo no método de poupar: colei um envelope atrás de um quadro que havia no nosso quarto, e, todos os dias, fiz os depósitos nessa caderneta de poupança.
Finalmente, chegou o dia de ir à relojoaria do Onishi-san, no centro de Curitiba. Fui acompanhado do meu consultor, Ronaldo, que me mostrou lindos modelos e indicou as opções que cabiam no meu orçamento.
Concluída a compra, agora éramos dois irmãos com  relógios Orient automático, adquiridos como recompensa do trabalho dedicado à família e ao próximo.
Recentemente, presenteei meu irmão com o livro A Lei do Triunfo, de Napoleon Hill, expressando minha profunda gratidão pelos valores que ele me passou, desde a infância, e por ser uma referência de líder para mim e para todos os irmãos.

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