sexta-feira, 20 de abril de 2018

Mãos fortes


Hoje, meu amado pai me pediu: Filho, ore para mim.
Segurei suas mãos, as mesmas mãos fortes de sempre, e me concentrei para orar a Deus, orar com Deus. Presente ali um ingrediente indispensável da oração: o sincero sentimento de amor ao semelhante que está à nossa frente. Mas, ao apertar firme as mãos de papai, minha mente viajou num tempo que transcende o tempo, como que conduzida pelo deus Kairós, da mitologia grega. E, de repente, me vi num dia da minha infância: papai segurava firme a minha mão quando caminhávamos pelas ruas de Curitiba. Nessa tela mental de um tempo sem tempo, eu, com cerca de 8 anos, julgando-me grandinho, estava com vergonha de andar de mãos dadas com o papai - “O que diriam meus coleguinhas ao verem tal cena?”
Hoje, o “deus da oportunidade” me oportunizou estarmos novamente de mãos dadas, pai e filho. Não sei bem quem era o pai e quem era o filho. Só sei que Deus estava ali presente, corporificado nos sentimentos de gratidão e amor. Afinal, como disse meu irmão Teo, citando o ensinamento da Seicho-No-Ie, “o amor e a gratidão são os sentimentos que melhor captam as vibrações curativas da Vida”.

segunda-feira, 9 de abril de 2018

Um relógio Orient automático



Quando eu tinha 9 anos, vi meu irmão Ronaldo, um ano mais velho que eu, com um lindo relógio Orient automático em seu pulso.
Perguntei-lhe quem o havia presenteado. Ele me respondeu: Comprei com o dinheiro do meu trabalho. E me falou coisas muito instigantes sobre o quanto o trabalho enobrece o homem e sobre como é gratificante servir ao próximo. Interessei-me em seguir seu exemplo. Ele se comprometeu de me levar, no dia seguinte, a uma entrevista junto a seus patrões. Assim, após voltar da escola e almoçar, fui apresentado ao meu local de trabalho e a meus primeiros patrões: era uma quitanda que papai, mamãe e tio Satoru tinham na Av. República Argentina, no bairro da Água Verde, em Curitiba.
O gerente, tio Satoru, me entrevistou e, com aquele saudoso sorriso, aceitou-me como colaborador. Mas havia uma condição: eu não podia descuidar dos estudos, podendo ir laborar somente depois de terminar as tarefas escolares de cada dia.
Assim, Ronaldo e eu trabalhávamos com afinco na próspera quitanda da família, organizando as frutas e verduras nas gôndolas, fazendo a limpeza do estabelecimento e ajudando a embalar as compras dos clientes. A retribuição da dedicação era feita por hora trabalhada. No fim da tarde, de vez em quando, éramos agraciados com x-salada e chocomilk. Ao anoitecer, colocávamos os pesados tonéis de lixo na calçada e ajudávamos a fechar o estabelecimento.
Assim, poupei, dia a dia, a remuneração que recebia do trabalho, sonhando em investir na aquisição do meu relógio.
Inspirei-me em Ronaldo no método de poupar: colei um envelope atrás de um quadro que havia no nosso quarto, e, todos os dias, fiz os depósitos nessa caderneta de poupança.
Finalmente, chegou o dia de ir à relojoaria do Onishi-san, no centro de Curitiba. Fui acompanhado do meu consultor, Ronaldo, que me mostrou lindos modelos e indicou as opções que cabiam no meu orçamento.
Concluída a compra, agora éramos dois irmãos com  relógios Orient automático, adquiridos como recompensa do trabalho dedicado à família e ao próximo.
Recentemente, presenteei meu irmão com o livro A Lei do Triunfo, de Napoleon Hill, expressando minha profunda gratidão pelos valores que ele me passou, desde a infância, e por ser uma referência de líder para mim e para todos os irmãos.

  IKIGAI Virou moda os coaches recorrerem a essa expressão japonesa para falar sobre o propósito e vida.  Há, na internet, muitos vídeos que...