Outro dia, vi um espetáculo inusitado.
O pôr-do-sol na Praia do Jacaré, em Cabedelo, Paraíba.
O astro-rei foi descendo, descendo,
Embalado ao som do bolero de Ravel
Executado pelo saxofonista Jurandy.
O Sol, o céu, as nuvens,
As águas do rio refletindo os últimos raios do dia,
A música que vinha lá do barquinho de pesca
E ecoava nos bares e na alma dos espectadores,
Tudo ali transmitia uma harmoniosa poesia.
Os aplausos foram unânimes.
E o Sol foi iluminar outros recantos,
Executando seu contínuo bolero,
Com arte e graça,
Indefinidamente, eternamente.
No dia seguinte,
Fui ao sepultamento do meu amigo Gildo.
E, durante os cânticos e homenagens
Oferecidos pelos familiares e amigos,
Lembrei-me da despedida do Sol.
Gildo,
Você é como o Sol!
Hoje, encerrou-se uma execução da sua arte
Do lado de cá da vida.
Mas seus raios ainda refletem nos corações
Daqueles que te amam.
E sua vida, que é luz eterna,
Vai executar outras músicas,
Ainda mais elevadas,
Rumo ao infinito.
Aplausos!
Gildo,
“Mesmo que finde
A interpretação musical,
O executante não morre
Porque ele, sendo filho de Deus,
É imortal.*”
*Palavras do Anjo (Seicho-No-Ie)
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